quinta-feira, 4 de março de 2010

O Urbano fala da Crise do Sisal

O sisal passa por um momento de crise. Isso todos sabem e estão vendo. Essa crise aumentou depois da crise financeira dos Estados Unidos e da Europa, que acabou atingindo a todos nós brasileiros. É bom lembrar que o sisal passa por esse momento difícil por conta de não se ter um setor organizado e por ter sido esquecido pelos governos passado.

No histórico do cultivo do sisal, que chegou à Região do Sisal no início do século XX e hoje somos os maiores produtores de sisal de todo o Brasil, observo que nunca houve uma valorização, nunca teve investimento por parte dos governos passados. Sem tecnologia para avançar na produção, o setor praticamente chegou a parar. Uma época, o preço do sisal passou mais de 08 anos na faixa de R$ 0,28 a R$ 0,30, levando muitos produtores a abandonar os campos de sisal.

Em 1997, quando a região recebeu a presença do então presidente da época, Fernando Henrique Cardoso, o sisal tinha chegado a R$ 0,48, logo depois na semana seguinte caiu para R$ 0,38, mostrando que o governo não tinha compromisso com a cadeia produtiva. O sisal veio ter uma atenção por parte do governo, quando o atual presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva.

No ano de 1999, quando passei pela Secretária Políticas Agrícolas da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (FETAG), consegui pautar o sisal dentro da Secretaria do Trabalho e Assistência Social do Estado da Bahia, (SETRA).
Conseguimos criar um núcleo de saúde do trabalhador formado para tratar principalmente à questão da segurança do trabalhador do motor de sisal; daí que surgiu a ideia de trazer o Faustino para trabalhar em um projeto para desenvolver uma máquina mais segura e que pudesse erradicar a mutilação dos trabalhadores do motor de sisal.

De 2002 a 2007, o sisal chegou a um período muito bom de crescimento tanto na produção quanto na valorização. Finalmente, os governos Wagner e Lula, com compromisso social e na luta pela geração de emprego e renda, começaram a apoiar ações para fortalecer de toda cadeia produtiva, desde o cultivo, lá no campo, passando por todos os setores de produção e beneficiamento do sisal.

O que o setor está precisando é de organização. Dentre as tantas boas iniciativas que temos, destacam-se a APAEB-Valente, que está beneficiando o sisal com a industrialização de tapetes e conseguindo exportá-lo e a Associação do assentamento de Nova Palmares, em Conceição do Coité, que faz uma venda coletiva e que está para implantar uma batedeira comunitária.

Um Novo Momento Para o Sisal!

Para combater a crise do sisal, o Território do Sisal vem fazendo uma articulação muito grande. Uma Comissão Territorial formada pela APAEB Valente, CODES-Sisal, FATRES e Fundação APAEB, entre outras entidades vem articulando Seminários, provocando audiência com os órgãos, como a CONAB e as Secretárias Estaduais para reverter essa situação.

Em relação a CONAB, a Comissão vem discutindo a forma de criar mecanismos para atender melhor os produtores de sisal e que já tem resultados bem positivos, a exemplo do recurso de total de Um Milhão, destinado pela CONAB para compra do sisal. Conseguimos fazer com que fosse acessado pelos produtores do sisal, diminuindo os atravessadores ficando com os lucros, fazendo com que os produtores se cadastrassem nos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, EBDA e APAEB-Valente, com essa ação, os produtores foram os mais beneficiados.

São muitas ações que estão acontecendo para melhorar toda a cadeia produtiva do sisal, do campo a exportação, nunca tivemos ações que pudessem abranger nessa amplitude.

Hoje, o sisal está 95% nas mãos da agricultura familiar. Com esse novo momento, o sisal vai melhorar e muito a vida do agricultor. Isso tudo vem acontecendo por que temos entidades comprometidas com a qualidade de vida das famílias e um governo, Federal e Estadual que estão do lado do povo; temos que apoiar essas entidades e os governos, pois não podemos parar com todas essas ações.

Por hoje é só. Grande abraço a todos e todas!